EP2 – Mulheres que Amam Demais, Amor Não Correspondido

Se no episódio anterior eu apresentei a proposta da série, agora entramos de fato na primeira ferida aberta: o amor não correspondido. Esse capítulo do livro Mulheres que Amam Demais, de Robin Norwood, fala de algo que muitas de nós já experimentamos, ainda que de formas diferentes. Muitas de nós já precisamos encarar essa realidade algumas vezes, e sabemos que não foi fácil admitir que a raiz da dor não estava apenas no outro, mas também na forma como a gente se entregava, se anulava e esperava receber de volta aquilo que, na prática, nunca viria.

O fascínio do amor que não volta na mesma medida

O amor não correspondido tem algo de cruel, mas também de sedutor. Há uma ilusão de que “se eu fizer mais”, “se eu for melhor”, “se eu tiver mais paciência”, a pessoa vai finalmente me enxergar, valorizar e me dar aquilo que tanto espero. É uma esperança que se alimenta de pequenas migalhas: uma mensagem que chega depois de dias, um olhar que parece confirmar o que eu sinto, uma noite que poderia ser o começo de algo… mas que no fim nunca é.

Norwood descreve esse ciclo com precisão. Mulheres que amam demais se envolvem com parceiros distantes, indisponíveis ou simplesmente desinteressados, e ainda assim insistem em investir tempo e energia. Passam noites acordadas, tentando interpretar silêncios como se fossem enigmas. A ausência de resposta se torna combustível para a fantasia. Não é amor, é fixação.

Onde nasce esse padrão?

Talvez a pergunta mais dolorosa seja: por que nos atraímos justamente pelo que não está disponível? No livro, Robin mostra que muitas vezes essa dinâmica nasce ainda na infância. Quando crescemos tentando conquistar o afeto de figuras que eram frias, ausentes ou inconsistentes, aprendemos a confundir amor com esforço. Aprendemos que é preciso lutar, provar, insistir.

E é justamente isso que o amor não correspondido desperta: a sensação familiar de correr atrás. De acreditar que, se eu for boa o bastante, o outro vai, enfim, me escolher. Essa repetição inconsciente é o que prende tantas mulheres em histórias dolorosas.

Eu mesma já me perguntei: será que gosto dele ou será que gosto do desafio? Será que amo a pessoa ou amo a ideia de finalmente ser escolhida? É um confronto duro, porque desmonta a fantasia de “história romântica” que a gente insiste em manter.

As armadilhas da idealização

Outro ponto forte do capítulo é a questão da idealização. Quando o amor não é correspondido, criamos um personagem na nossa mente. Pintamos o outro com cores que ele nunca mostrou. Transformamos silêncios em profundidade, frieza em charme, indisponibilidade em mistério.

É nesse ponto que a dor cresce, porque a realidade nunca corresponde à fantasia. A cada gesto frio, a cada ausência, a gente sofre, mas ainda assim se apega à imagem idealizada. É como se estivéssemos presas a um sonho que não acorda.

No meu caso, percebi que a idealização era quase uma fuga de mim mesma. Enquanto eu me ocupava em decifrar o outro, eu não precisava olhar para minhas próprias feridas: minha insegurança, minha solidão, minha falta de autoestima. Era mais fácil projetar no outro a salvação que eu não encontrava em mim.

O impacto emocional e físico

O amor não correspondido não dói só no coração, mas também no corpo. Ansiedade, insônia, falta de apetite ou até mesmo compulsão alimentar podem aparecer nesse processo. Norwood fala sobre como a mente fica tomada por pensamentos obsessivos, e eu assino embaixo. Quem já viveu sabe: parece impossível desligar a mente.

É aqui que precisamos falar de autocuidado. Porque quando o corpo dá sinais, é um chamado para parar e observar. Eu descobri que meu corpo sempre me avisava antes da minha mente aceitar: noites mal dormidas, estômago embrulhado, dores que não passavam. Era ele gritando o que eu não queria admitir: esse “amor” estava me adoecendo.

Caminhos de cura: entre a consciência e o corpo

Falar de cura não é fácil, mas é necessário. O primeiro passo é sempre a consciência: reconhecer que o amor não correspondido não é romântico, é destrutivo. Que insistir em alguém que não nos escolhe não é prova de amor, é prova de desvalorização própria.

Depois, vem o cuidado com o corpo e a mente. No Nós da Terra, eu gosto de propor práticas simples, que unem o emocional à natureza. Para quem se sente presa nesse ciclo, sugiro:

  • Banho de ervas de limpeza: alecrim e arruda, para renovar as energias.

  • Chá calmante: camomila ou melissa, para acalmar os pensamentos repetitivos.

  • Escrita reflexiva: responda no papel: “O que eu espero desse amor? O que realmente recebo?”

  • Respiração consciente: três minutos de foco na respiração antes de dormir podem ajudar a acalmar a mente obsessiva.

Essas práticas não substituem terapia, mas podem abrir espaço interno para novas percepções.

Para continuar a jornada

Este episódio faz parte da série Mulheres que Amam Demais em podcast. Se você ainda não leu a introdução (EP1), recomendo que volte lá para entender a proposta completa da série. E se sentir que este tema tocou algo dentro de você, compartilhe com outras mulheres. A cura também acontece quando falamos em voz alta sobre aquilo que nos dói.

No próximo episódio, vamos mergulhar em outro tema delicado: Sexo Bom em Relações Ruins. Um capítulo que promete muita reflexão sobre desejo, apego e engano. E conta com um participação mais que especial de uma deusa! Não vai perder!

Até lá, cuide de si. 🌱

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