EP6 – Mulheres que Amam Demais, Vamos Dançar?

O título deste capítulo parece leve, quase um convite à festa: “Vamos dançar?”. Mas, como Robin Norwood revela em Mulheres que Amam Demais, a metáfora aponta para algo muito mais profundo e desafiador: o ato de arriscar-se em uma nova forma de viver depois de anos de dor, controle e negação. Para muitas mulheres, “dançar” significa deixar para trás a rigidez da sobrevivência e se permitir experimentar novamente a vida.

A marca da dor e da negação

Neste capítulo, Robin reúne histórias de mulheres cuja infância foi atravessada por experiências traumáticas — especialmente abusos sexuais e relacionamentos familiares doentios. Quando adultas, essas feridas se manifestavam em forma de relações destrutivas, comportamentos de controle e enorme dificuldade em confiar no próprio corpo ou em parceiros amorosos.

A negação era a fórmula que permitia sobreviver. Ainda crianças, essas mulheres aprenderam a reprimir sentimentos, calar experiências e fingir que nada acontecia. Só que, na vida adulta, esse mesmo mecanismo passou a gerar mais dor. O que antes era defesa, transformou-se em prisão.

Cleo e Roy: uma história de reconstrução

Entre os relatos apresentados por Robin, a história de Cleo e Roy se destaca. Cleo, marcada por abuso sexual na infância, carregava feridas profundas em sua vida íntima. Seu parceiro, Roy, também havia crescido em um lar cheio de repressão e vigilância, onde qualquer expressão de sexualidade era tratada com desconfiança e vergonha.

O resultado desse encontro foi um relacionamento difícil: Cleo evitava intimidade, Roy se sentia rejeitado, e ambos estavam presos em ciclos de dor que se retroalimentavam. Cleo controlava cada gesto de Roy, com medo de ser dominada novamente, e Roy, por sua vez, sentia que não podia expressar nada sem despertar o terror dela.

Foi só quando buscaram grupos de apoio específicos que algo começou a mudar. Cleo encontrou espaço para compartilhar sua experiência com outras mulheres sobreviventes de incesto. Roy, por sua vez, juntou-se a um grupo formado por maridos de mulheres que passaram pelo mesmo trauma. Nesse ambiente de compreensão e acolhimento, cada um pôde enfrentar sua dor pessoal, sem se esconder atrás do controle ou da negação.

O que significa “dançar”?

Para Cleo, “dançar” não era simplesmente se mover ao som de música. Era, sobretudo, permitir-se viver sem o peso constante do medo. Era abrir mão de controlar cada gesto, cada reação, e aceitar o risco de sentir novamente. Para Roy, dançar significava recuperar a espontaneidade do corpo, aprender a estar presente sem a sombra de uma repressão enraizada.

No livro, Robin mostra que a recuperação deles não foi rápida nem fácil. Pelo contrário, foi feita de passos pequenos, conversas honestas e muito apoio. Mas o essencial é que houve um deslocamento: do congelamento para o movimento, da paralisia para a possibilidade.

O convite à vida

O capítulo usa a metáfora da dança para nos lembrar que, depois de tanta dor, a vida precisa de novos ritmos. Não basta apenas entender racionalmente os traumas; é preciso experimentar formas diferentes de existir.

Para algumas mulheres, isso pode significar iniciar uma terapia, participar de grupos de apoio, ou simplesmente admitir verdades antes negadas. Para outras, pode ser retomar hobbies esquecidos, redescobrir o prazer no corpo, confiar em pequenas alegrias do cotidiano.

Dançar, aqui, significa: arriscar-se a viver de outra maneira, mesmo que doa no começo.

Práticas de cuidado inspiradas no capítulo

Embora o tema seja pesado, o capítulo também aponta caminhos de cura. Inspirando-me na metáfora de Robin, trago algumas práticas que podem apoiar esse processo:

  • Encontro com o corpo: não se trata de dançar de imediato, mas de pequenas reconexões, como caminhar sentindo os pés no chão ou respirar conscientemente.
  • Escrita da verdade: escrever, sem censura, memórias ou sentimentos que antes foram negados.
  • Ritual de libertação: acender uma vela e, diante dela, afirmar: “Eu não preciso mais viver só no medo. Eu posso arriscar passos novos.”
  • Rede de apoio: buscar grupos ou espaços seguros onde seja possível falar e ouvir sem julgamento.

Essas práticas não substituem ajuda terapêutica, mas podem funcionar como lembretes de que a vida não precisa ser apenas sobrevivência.

Do congelamento à possibilidade

O que mais impressiona nesse capítulo é como histórias tão dolorosas também carregam sementes de transformação. Cleo e Roy são exemplo disso: apesar das dificuldades, encontraram caminhos para reconstruir sua vida íntima e afetiva. Não foi mágica, não foi rápido, mas foi possível.

E é justamente essa a mensagem de Robin: a cura não acontece quando negamos a dor, mas quando a enfrentamos com coragem e buscamos novas formas de viver. O convite “vamos dançar?” é, portanto, um chamado à vida.

Enfim, este capítulo mostra que, por mais profundas que sejam as feridas, sempre existe a possibilidade de movimento. Dançar é metáfora da liberdade que começa dentro: soltar o controle, aceitar riscos, experimentar alegria mesmo depois da dor.

No próximo episódio, vamos virar o olhar e entender também o outro lado: “Homens que Escolhem Mulheres que Amam Demais”. Afinal, esses relacionamentos não acontecem sozinhos; há uma dinâmica que prende os dois lados.

Até lá, lembre-se: mesmo passos pequenos já são dança.

Vamos juntas?

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