Você já ouviu falar em projeção das sombras?
Carl Jung, psiquiatra suíço e um dos grandes nomes da psicologia profunda, foi quem cunhou o termo “sombra” para se referir às partes inconscientes da nossa personalidade que rejeitamos ou ignoramos. Osho, por sua vez, trouxe uma visão espiritual sobre o tema, dizendo que projetar essas sombras nos outros é um dos maiores obstáculos para o autoconhecimento.
E eu, aqui entre Jung e Osho, tentando não fugir de mim mesma…
O que é projeção das sombras?
A projeção das sombras é quando colocamos no outro (nossos desafetos) aquilo que não conseguimos reconhecer em nós mesmos. É como se nosso inconsciente dissesse: “isso não é meu, vou deixar com você”.
Um exemplo simples: uma pessoa que se incomoda demais com preguiça alheia, pode estar rejeitando a própria necessidade de descanso ou a sua dificuldade de agir.
Na Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), acompanhei uma cliente que se reconheceu como alguém dramática e vitimista. Ela se assustou, pois sempre se irritou com pessoas que agiam assim. Disse que não suportava gente “mole e negativa”. No entanto, ali estava ela, diante do espelho da própria alma. Quem nunca?
Falo com propriedade, porque já me peguei dizendo “eu não sou assim” pra depois descobrir… que sim, era. Talvez não com a mesma intensidade, mas com o mesmo padrão emocional.
Nem tudo que me irrita é o que sou, mas me revela o que não quero ver
Nem sempre a projeção das sombras é direta. Às vezes, o comportamento do outro desperta em mim um sentimento profundo de rejeição, de ego ferido ou até de inadequação. Pode ser que eu não suporte o outro por ele fazer o que eu gostaria de fazer ou porque me mostra um lado meu que foi reprimido. Acredito que esse é o padrão que mais identifico em mim.
É aí que entra o convite de Jung: “Até você se tornar consciente, o inconsciente dirigirá sua vida e você o chamará de destino.”
Como lidar com isso?
A primeira coisa é reconhecer que projetamos. Todos nós fazemos isso. A chave está em perceber e escolher não agir a partir dessas projeções.
✨Dicas práticas para começar:
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Faça pausas e respirações conscientes. A respiração diafragmática pode te ajudar a sair do automático.
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Observe os julgamentos que faz. O que realmente te incomoda no outro?
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Questione: “Será que essa qualidade ou comportamento também existe em mim?”
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Acolha sua sombra. Como Jung disse, ela é sua, mas isso não significa que você precisa ser dominada por ela.
Não se trata de eliminar, mas de integrar
Essa jornada é sobre aceitar que nossas sombras existem. Elas fazem parte de nós, como a noite faz parte do dia. Ao integrá-las, nos tornamos mais inteiras, mais autênticas, mais humanas.
“Você não se torna iluminado imaginando figuras de luz, mas sim tornando a escuridão consciente.” — Carl Jung